Chico Anísio, o Humor Com Consciência!


Com a morte de Chico Anísio vemos o fim de uma era no humor brasileiro, e sem dúvida alguma se vai um dos grandes nomes do humor no mundo.
Agora o que mais impressiona, ainda mais dos que os mais de duzentos personagens criados pelo mestre, é o fato de não dispormos de alguém minimamente capaz de substituí-lo, pois o seu humor era algo inigualável, perspicaz, inteligente, contundente ainda mais quando tratava de um dos seus temas favoritos, a política. Em sua trajetória houveram momentos em que não duvido, muitos políticos tremiam na possibilidade de serem alvos desse brilhante comediante.
Diante do povo, tratava dos assuntos mais sérios de forma a falar as verdades mesmo que brincando, e, embora com o passar dos anos poucos do povo entendessem o seu recado, ainda assim se dirigia quase que mortalmente contra os representantes da nossa classe política.
E assim se foi até o momento que a ignorância do povo já o impossibilitava de causar os estragos contra àqueles que desprezavam esse mesmo povo, e assim diante de tão triste constatação fora colocado na “geladeira” (pela Rede Globo) quando o povo já não mais o ouvia (mesmo porque já não mais era capaz de entendê-lo), pois agora se deliciavam com humoristas adeptos do besteirol, humor fácil e pobre, bem próprio do desejado pela mídia corporativa.
Adeus mestre do humor, e que esteja onde estiver uma coisa é certa, nada será como antes.

"Lula Faz Falta", Principalmente Com o Seu Mensalão!


Muito do que passa Dilma no atual momento de crise com a base aliada certamente encontra explicação na sua própria conduta como na do PT, pois esses partidecos que compõem a sua base de apoio estão claramente descontentes, contudo, devemos entender os motivos para tanto descontentamento.
É lógico que, se questionados, os deputados e senadores que “apoiam” o governo Dilma darão toda sorte de desculpas, umas mais sérias que as outras, abordando posicionamentos éticos, ideológicos sempre em favor do povo à quem tanto “defendem e lutam”, contudo, não é preciso ser algum gênio para perceber que para esses canalhas nada disso realmente importa, e o povo para esses lixos só é importante na hora do voto.
O motivo real para tanta desavença com o atual governo só pode ser poder e dinheiro, pois é só por isso que se interessam, é só por isso que lutam, agora cabe uma pergunta, estarão “brigando” “por algum” ou “por mais algum”?
Se brigam “por algum”, seríamos obrigados a entender que o governo Dilma tenha deixado de praticar algo muito constante nos governo Lula, o MENSALÃO, o que sinceramente acho nada provável, mesmo porque depois de criado esse péssimo costume, tanto governo quanto deputados e senadores não sabem agir de outra maneira que não seja na forma da “troca de favores”. Assim sendo, a conclusão a que podemos chegar é que a discórdia refere-se a reivindicação “por mais algum”, o que é bem mais provável, primeiro porque aqueles que recebem esse “agrado” sempre querem mais (prática comum e lógica de qualquer chantagem), e segundo, porque se há algum problema só pode ser na discussão dos valores recebidos, pois como já sabemos para esses lixos nada mais importa.
Agora vejo o desabafo do líder do governo no Senado, o senador Eduardo Braga (PMDB-AM), feito na quinta-feira à noite, para uma rodinha: “Lula faz falta em todos os momentos”, que de certa forma esse senhor não deixa de ter razão, pois constantemente as pessoas citam o carisma e a liderança do ex-Presidente Luís Ignácio Não Sabe de Nada Lula da Silva, como algo que o diferencia de todos os outros governos, mas para os ditos atributos do governo Lula que tanto faltam aos outros governos acrescento o da prática do mensalão, ou alguém acredita realmente que o sentimento de saudades para os nossos políticos se baseiam no dito CARISMA E LIDERANÇA do ex-Presidente, e não no seu MENSALÃO.

O Papelzinho Do Serra.


Político no Brasil é assim, para ser bom tem que não valer nada, e é diante desse fato que vemos a postura de um dos seus maiores representantes, tanto na política como na falta de caráter, o José Nosferatu Serra.
Agora como virtual candidato à Prefeito de São Paulo, ele faz uso de uma tática petista para desdizer o que um dia prometeu, e assim como o Luís Não Sabe de Nada Lula da Silva, afirma não ter assumido compromisso algum em permanecer como Prefeito, caso fosse eleito (como foi) no pleito de 2004.
E depois do compromisso assumido diante da sua falta de caráter e palavra, deixou o cargo em 2006 para disputar o cargo de Governado do Estado, onde pela falta de vergonha do povo paulista acabou sendo eleito.
Ciente de que o povo tem tanto escrúpulos quanto ele, ou seja, nenhum, agora diz que em momento algum assumira tal compromisso, “Primeiro, eu não assinei nada em cartório. Isso é folclore”, como se uma pessoa digna e de caráter tivesse que registrar formalmente uma decisão sua para que fosse válida.
Se justifica afirmando que, “Eu assinei um papelzinho. Não era nada…”, onde mesmo inconsciente declara o seu desprezo pelo povo que acreditou em sua palavra, pois o que antes era um compromisso com o eleitor ele agora qualifica de “papelzinho”, e o que outrora era a sua palavra empenhada, agora “não era nada…”.
Pronto meu povo, muita dúvida ainda pode existir na hora de escolher o novo Prefeito de São Paulo, contudo na minha visão uma coisa é certa, se esse lixo do José Nosferatu Serra não vale sequer um tostão furado, o que dirá um voto nosso?

Dá-lhe Major Olímpio Gomes!


Quando aqui me manifestei pelo fato de a Polícia Civil paulista ter como sua única voz o Deputado Estadual Olímpio Gomes, no post “Um ex-Militar Como Única Voz Da Polícia Civil”, não tenho dúvidas que muitos questionaram a minha opinião e até mesmo não compartilharam da mesma.
Contudo, diante da máxima jurídica de que, contra fatos não há argumentos, me deparo com uma nota do Sindicato dos Investigadores de Polícia (SIPESP) intitulada “Manifestação Aberta aos Deputados”, assinada, como não poderia deixar de ser, pelo seu inoperante e ausente presidente, João Batista Rebouças da Silva Neto, e que pelo título se apresenta como dirigida à todos os deputados, mas que na prática no ofício em questão, encontra-se endereçada ao Deputado Olímpio Gomes, numa clara e evidente constatação de que este é definitivamente a única voz da Polícia Civil de São Paulo, isso mesmo um ex-militar, ex-oficial da Polícia Militar Paulista, e , portanto mostrando na prática a hipocrisia daqueles que se tanto desmerecem os companheiros da P.M., mas que ao buscar apoio para os seus anseios só encontram guarida no gabinete do Deputado Estadual Olímpio Gomes, o Major Olímpio.
Agora antes que muitos saiam em defesa do sonolento presidente do SIPESP, com o argumento de que embora endereçado ao Deputado Olímpio Gomes o referido ofício 005/2012 de 06 de março de 2012 destina-se à todos os seu pares, sendo este um mero interlocutor, acredito, na minha ignorância, de que o correto então seria dirigir-se ao Presidente da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, o Deputado José Antônio Barros Munhoz. Mas como muitos ainda esperam que o Sr. Rebouças um dia acorde e trabalhe, não duvido de que entenderão qualquer absurdo que o mesmo se utilizar para justificar o ofício citado.

O Voto e o Seu Efeito Borboleta.


“O bater de asas de uma simples borboleta poderia influenciar o curso natural das coisas e, assim, talvez provocar um tufão do outro lado do mundo?”
Para aqueles que defendem a teoria do caos, sim, no caso em questão é conhecido como Efeito Borboleta, onde a ideia é que uma pequena variação nas condições em determinado ponto de um sistema dinâmico pode ter consequências de proporções inimagináveis.
Assim sendo, devemos entender que de certa maneira tal efeito borboleta tem existência constante em nossa vida, sendo o resultado da menor e mais insignificante ação por nós praticada, numa alusão direta da Terceira Lei de Newton, conhecida como princípio da ação e reação, onde para cada ação há sempre uma reação oposta e de igual intensidade, e que embora seja evidente, para a população, em sua maioria, passa totalmente despercebida, mesmo porque encontram-se interessadas em malditas novelas, BBBs, jogos de futebol e distrações das mais efêmeras, relegando à planos inferiores tudo que possa realmente representar um ganho intelectual.
Pois assim é que funciona a nossa vida, toda conduta por nós adotada certamente terá um resultado, e ao se considerar a forma como o povo vem agindo o resultado se apresentara cada vez mais terrível, ou alguém ainda não percebeu que ao cometer uma “pequena” infração de trânsito de forma consciente do erro, só virá a contribuir para um trânsito cada vez mais caótico, ou como aquele imbecil que insiste em obrigar que os outros ouçam a música que está tocando em seu carro ou sua casa, só contribuirá para uma desavença com os seus vizinhos, sendo que dentro das inúmeras hipóteses de ações desrespeitosas que visualizamos todos os dias, nada supera a daquele que numa eleição faz uso indevido do seu direito ao voto, escolhendo dentre os candidatos o menos pior, ou mesmo escolhendo entre PT e PSDB (e só me reporto aos dois, pois entendo que todos os outros partidos são meros apêndices de um ou do outro), acreditando que pela sua opção nada de pior ocorrerá.
Contudo, entendo que dentro do tal efeito borboleta ou da terceira lei de Newton, a nossa ação na hora do voto tem provocado uma reação catastrófica, onde observamos filhos serem mortos, vítimas de bala perdida, em idade precoce diante dos olhos dos pais, ou pais serem arrancados do seio de sua família em virtude de um motorista embriagado, sem contar todos os casos de corrupção envolvendo as nossas dignas autoridades, políticas, judiciárias, policiais, etc…
Parem e pensem, muito do que vem ocorrendo tem como grandes responsáveis nós mesmos, pois se os políticos que deveriam gerir a administração pública de forma a impedir tais acontecimentos não o fazem, são inertes, só estão aonde estão (mas não deveriam estar jamais) porque o povo assim quis, foram eleitos, pelos nossos votos, ou seja, a sua inércia, a sua incompetência, a sua canalhice é o resultado da nossa ação de votar neles.
O nosso voto foi o bater de asas da borboleta que deu origem ao tufão da corrupção e descaso dos políticos que ai estão, e assim devemos nos atentar na hora de votar, pois só nos apercebemos do mal que causamos quando este nos atinge ou atinge a nossa família, mas ai já é tarde.

A Revolução Dos Bichos "Petistas"!


Há muito vinha querendo reler “A Revolução dos Bichos” de George Orwell, uma vez que muitos anos se passaram desde o meu primeiro e último contato com tal obra, e por incrível que pareça, embora seja um livro de poucas páginas e fácil leitura, não encontrava tempo e motivação para o reencontro.
Assim, ao ler o artigo de Marcelo Mirisola, “George Orwell, a oração possível”, que reproduzi aqui, me aventurei novamente nas páginas deste satírico romance.
Fica evidente a relação de sua obra com a ex-União Soviética, e a sua crítica ao “paraíso comunista” proposto pela Rússia de Stalin, que claramente traíra os princípios da Revolução Russa de 1917. Contudo, não tenho ilusões de que a minha observação sobre a obra de Orwell não passa de mera obviedade.
Ocorre que, agora numa leitura mas atenta e atual percebe-se evidente a atualidade de sua consagrada obra, principalmente à nós brasileiros, pois os “porcos” em questão se assemelham de forma gritante aos “petistas”, principalmente quando ouvimos de um dos seus mais ilustres representantes, o agora Ministro, Senador e na época candidato ao Governo do Estado de São Paulo, Aloísio Mercadante, de que o PT teria cansado de deixar a direita governar, como quem diz que para finalmente chegar ao poder o PT decidira fazer o que fosse necessário, inclusive trair os seus princípios, numa clara alusão ao axioma de que os fins justificam os meios.
Ora, assim como no livro quando já em seu final os outros bichos tentavam entender o que de diferente havia na cara dos porcos, muitos tentam entender o que de diferente há nos petistas, pois evidentemente estão muito diferentes do que eram antes de chegar ao poder, assim como os porcos. E lá na obra de Orwell os outros bichos ao verem porcos e homens discutindo aos brados, com violência e ódio, por mera futilidade, concluíram pelo que, apesar de estar à sua frente, até então não percebiam, “já se tornara impossível distinguir quem era homem, quem era porco”, e, assim lhes digo, olhem bem, pois está tão claro que as vezes não se percebe, já se tornara impossível distinguir quem são petistas e psdbistas, pois ao final já são todos porcos.

George Orwell, a oração possível.


* O autor, Marcelo Mirisola, é considerado uma das grandes revelações da literatura brasileira dos anos 1990, formou-se em Direito, mas jamais exerceu a profissão. É conhecido pelo estilo inovador e pela ousadia, e em muitos casos virulência, com que se insurge contra o status quo e as panelinhas do mundo literário.

Fonte: site do Congresso em Foco

Conheci a obra de George Orwell bem tarde, e não foi por causa de “Revolução dos Bichos” nem por “1984″, livros que a escola me obrigou a engolir quando tinha 16 anos. Um crime. Aliás, já passou da hora de suprimir a literatura do currículo escolar. Passou da hora de suprimem as escolas da vida dos adolescentes também… e eles igualmente podiam seguir o conselho de Nelson Rodrigues e suprimir-se a si mesmos, e só voltar depois dos 30. Porém, não é disso que tratarei agora. Quem quiser saber o que penso a respeito, dê uma googada e leia “Bukowski contra o crime”.
Eu dizia que George Orwell me ganhou com o ensaio “Dentro da Baleia” e os outros ensaios que acompanham o título do livro. Depois, li “Na Pior em Paris e Londres” e, desde a semana retrasada, estou me esbaldando com o livro “Como morrem os pobres e outros ensaios”.
Aos livros. Vou falar de vários como se fossem o mesmo, sem ordem de chegada ou partida. Começamos com as crônicas das agruras que o escritor/mendigo/ presidiário/ viveu em Londres e arrabaldes na primeira metade do século passado. Pois bem, lidas depois de 80 anos, despertam mais curiosidade pelo estilo direto de Orwell do que pela miséria propriamente dita, que não é muito diferente da miséria humana que observávamos há pouco tempo na Cracolândia e que observamos no Shopping Higienópolis. O posicionamento que Orwell assume diante dos rebotalhos que o acompanham em albergues, hospitais para indigentes e numa prisão, lembra muito – nem precisamos guardar proporção – a tragédia que Primo Levi relata em “É isto um homem?”. Explico. Os dois não se apegam nem remoem a desgraça que os acompanha, mas atuam como observadores do entorno: porque, antes da humilhação, e depois também, são criadores independentes e a matéria-prima deles, afinal, é a mesma do … Zeca Pagodinho. Tanto faz se fulano escreve a partir de um campo de concentração em Birkenau ou debaixo de uma jaqueira em Xerém, cercado por amigos, leitões e galinhas d’angola, tanto faz se se cobre de andrajos ou veste black-tie; a condição humana é a mesma para todos, independentemente do endereço, do tempo e do assunto. Manifesta-se na alegria e na tristeza, na guerra e na paz, na miséria e na prosperidade e assim por diante.
O que faz a diferença de um artista para um charlatão é o estilo. Esqueçam Andy Warhol, esse era uma exceção: um picareta com estilo. O que eu quero dizer é o seguinte: se o cara for honesto consigo, e se ele for um George Orwell – a chance de o estilo prevalecer é muito grande.
No caso de Orwell, a elegância e a objetividade de sua escrita chegam a ser chocantes se comparadas àquilo que lemos hoje em dia, não porque nossos ensaístas são privados de sagacidade, ou não dominam a retórica e/ou abusam de uma erudição que é mais (ou somente) citação de Batman & Robin, digo, Walter Benjamin & Adorno do que sabedoria. O fato de escreverem mal e serem chatos pra cacete não é o pior. A questão é que para se persuadir o leitor (espectador ou o zumbi na frente da internete), antes de tudo, urge ou urgia – em tese – honestidade intelectual e liberdade, artigos raros já no tempo de Orwell, e muito mais nos dias que seguem: tempos de editais, bolsas, conchavos, projetos mil e inclusão a qualquer custo. Aqui em São Paulo, por exemplo, foi instituído o “Prêmio Governador do Estado”, e existe uma categoria chamada “inclusão cultural”. São 520 mil reais em prêmios. E aí eu fico imaginando o governador Alckmin a espetar uma medalha no peito de um Pasolini do Jardim Estrela Dalva. Ou se faz inclusão, ou arte, ora cazzo!
Nosso “artista” está mais preocupado em justificar seu “projeto” e fazer assistência social do que subverter a ordem; mais vale uma planilha bem feita do que um axioma zombeteiro que eventualmente possa destoar dos documentos exigidos pelos burocratas do departamento de seleção. A pergunta é: mesmo sem liberdade, vendidos prum capeta de quinta categoria, prosseguiremos … escrevendo livros?
Falando para quem? Quem é que, hoje, está interessado em liberdade e honestidade intelectual? Os 7,5 milhões de leitores do padre Marcelo? Aliás, tava fazendo uma conta: são 7,5 milhões de pessoas que jamais vão ler George Orwell. Verdadeiro rapto. Se eu dissesse que esse padreco deseduca criminosamente milhares de leitores, eu estaria tendo um chilique, ou simplesmente estaria corroborando as profecias de Orwell?
Isso é o equivalente a admitir uma derrota fragorosa? Claro que sim: vexame completo, uma lavada. Uma coisa, porém, é admitir a derrota, outra completamente diferente é resignar-se.

Orwell é o profeta da não-resignação.

Vivemos tempos de muita demagogia e marketing. De modo que o que se vende e o que se consome em todas as frentes – salvo as exceções de praxe – são oportunidades de negócios, tudo em nome da arte menos a arte: como se tetas brotassem do ventre da baleia que virou casa da mãe Joana.
Portanto, além da questão das misérias que somente fizeram se agravar nos últimos 80 anos, também a alma humana definhou, perdemos em liberdade e individualidade, essas duas forças que juntas poderiam ser chamadas George Orwell – o homem que investiu bravamente contra os totalitarismos de sua época.
Orwell jamais se omitiu. O tempo provou que muitas vezes ele esteve certo e sempre esteve sozinho. Uma pena que tenha perdido a batalha porque os totalitarismos continuam aí, firmes e fortes, repaginados, cobrando juros de 20% ao mês e oferecendo a paz dos cemitérios para seus clientes e correntistas. Creio que sufocar a possibilidade do grito individual é o pior dos crimes. Quem foi o último que gritou no deserto brasileiro, o chato do Glauber Rocha?
A consequência desse sufocamento é visivel na “arte” e nos artistas mequetrefes que nos são impingidos goela abaixo, visível na repetição (ou nas malditas “releituras”) do original que perdeu o viço e virou lixo reciclado; os técnicos e os higienistas que tomaram os lugares dos artistas não me deixam mentir, né não dr. Dráuzio?
Ao contrário do que nos ensinam as políticas de correção (e de acordo com as previsões mais sombrias de Orwell), o coletivo existe somente em função de excluir o indivíduo e sufocar sua voz original. Vejam só o que o autor de “Dentro da Baleia” escreveu em 1940 : “(…) quase com certeza estamos rumando para uma era de ditaduras totalitárias – uma era em que a liberdade de pensamento será o princípio de um pecado mortal e mais tarde uma abstração sem sentido”.
No alvo: o pensamento e a originalidade jazem mortos e enterrados; atingimos um patamar cultural que se localiza abaixo daquilo que Orwell chamaria de “abstração sem sentido” … e abaixo daquilo que os Visigodos chamariam de cu de cobra. O que é a Ivete Sangalo senão um Hitler vestido de Carmem Miranda? Ai, ai, ai se eu te pego…
Eric Blair, que depois passou a assinar George Orwell, escreve limpo, e escreve bem porque pensa bem e – repito – jamais se omitiu diante de sua consciência, nem quando elaborou uma lista de “criptocomunistas” para o governo britânico e dedurou Chaplin, Shaw e J.B. Priestley.
Sacana? Talvez, porém verossímil. Vejam só: “(…) a literatura estará condenada não somente em países que conservam uma estrutura totalitária; mas qualquer escritor que adote a perspectiva totalitária, que encontre desculpas para a perseguição e a falsificação da realidade, se destrói como escritor. Nenhuma diatribe contra o ‘individualismo’ e a ‘torre de marfim’, nenhum chavão religioso do tipo ‘a verdadeira individualidade só é alcançada através da identificação com a comunidade’, pode esconder o fato de que uma mente comprada é uma mente podre (…) em algum momento do futuro, se a mente humana se transformar em algo totalmente distinto do que é agora, talvez aprendamos a separar a criação literária da honestidade intelectual (…) A imaginação não se reproduz em cativeiro”.
Não trair a si mesmo é um dos pontos básicos para registrar algo que valha a pena ser lido,refletido e apreciado depois de cem anos. Com certeza, esse é o recado de Orwell. Infelizmente, Orwell errava pouco e entendia como nenhum outro de previsibilidades. Tava na cara que o gado acabaria se adaptando ao cativeiro ( ou “coletivo”) chamem como quiser.
A imaginação, eu acrescentaria, nao se reproduz em gaiolas de ouro nem em cooperativas de periferia. Impressionante, esse Orwell: apontando o dedo para a omissão dos intelectuais de sua época em face do massacre que a extinta URSS promovia contra jornalistas e escritores, ele conseguiu se projetar no tempo e vislumbrou as torres do edifício Abril, os saraus esotéricos da nossa querida e fofa Vila Madalena e os puxadinhos irados do Capão Pecado, incluindo todos no mesmo balaio/ cativeiro.

*****

Mas não é só isso. George Orwell teve a sorte de testemunhar uma situação extraordinária onde esse coletivo (sempre nefasto) condensou-se diabolicamente dentro de um só indivíduo. E escreveu um ensaio que, a meu ver, é muito mais do que um debruçar-se sobre determinado tema, trata-se de um documento precioso do nosso tempo, cujo título é “A vingança é amarga”, esse ensaio faz parte do livro “Como morrem os pobres”.
Orwell acompanha um judeu baixinho recrutado pelo exército americano que tinha por missão interrogar prisioneiros de guerra. Conduzido até um hangar,depara com supostos oficiais da SS empilhados uns sobre os outros em condições sub-humanas. Entre eles, um infeliz que “tinha pés estranhos e horrivelmente deformados. Os dois eram bastante simétricos, mas haviam sido golpeados até assumir uma extraordinária forma globular que os tornava mais parecidos com cascos de cavalo do que com qualquer coisa humana”.
“O verdadeiro porco!” – segundo o judeuzinho que conduzia Orwell. De repente, o interrogador “dá um terrível pontapé com sua pesada bota do Exército no inchaço de um dos pés deformado do homem prostrado”.
Era quase certo que aquele homem prostrado,o ex-oficial nazista, havia dirigido campos de concentração e comandado torturas e enforcamentos. Orwell contempla a miséria deplorável do infeliz, e constata que a versão contada pelo judeu-americano – de que se tratava mesmo de um grande filho da puta, um porco nazista – provavelmente era verdadeira, e chega à seguinte conclusão: “a figura monstruosa contra a qual havíamos lutado por tantos anos, se resumia àquele deplorável infeliz, cuja necessidade óbvia não era de punição, mas de algum tipo de tratamento psicológico”.
Em seguida, reflete sobre a selvageria de ambos, do judeu que agora subjuga, e do alemão prisioneiro que é subjugado. Na verdade, é muito mais do que uma reflexão. Quase uma oração. Orwell consegue, diante de uma cena grotesca, atualizar o Pai Nosso: “Perguntei a mim mesmo se o judeu estava de fato tendo prazer com aquele poder recém-descoberto. Concluí que não estava se deleitando realmente com aquilo, mas apenas – como um homem num bordel, ou um menino fumando seu primeiro cigarro, ou um turista vagando por uma galeria de arte – dizendo a si mesmo que estava tendo prazer e se comportando como havia planejado se comportar nos dias que estava impotente. É absurdo culpar qualquer judeu alemão ou austríaco por dar o troco aos nazistas (…) aquela cena e muitas outras coisas que vi na Alemanha deixaram claro para mim que a idéia de vingança e punição é ilusão infantil. Para ser exato, não existe vingança. A vingança é um ato que se quer cometer quando se está impotente e porque se está impotente; assim que o sentimento de impotência desaparece, o desejo se evapora também”.
Eu chamaria de “A Oração Possível”. George Orwell consegue ser mais cristão do que o próprio Cristo porque elimina o sentimento (ou a condição) de culpa da equação que Jesus ensinou aos homens. É como se ele dissesse: Eliminamos o sacrifício e/ou a hipocrisia de amar quem nos odeia. Você, homem, não sabe o que está fazendo: apenas é um monstro circunstancial que não tem condição de perdoar nem de ser perdoado, portanto você é tão inocente e tão impotente quanto seu algoz.
Embora, aqui do fundo do meu coraçãozinho sadomasoquista e cristão, eu teimosamente continue insistindo que sem culpa não atravessaríamos uma rua, sem culpa não conseguiríamos sequer uma ereção decente, ah, sem culpa o homem não toleraria o semelhante e nem a própria sombra, mas isso é coisa minha, deixa pra lá. Enfim. Orwell põe o coletivo no seu devido lugar, e segue essa linha de raciocínio até o final do belo ensaio.
Eric Arthur Blair, filho de mãe com ascendência francesa e de um oficial da marinha britânica, nasce em Mothiari, na Índia, sob domínio inglês. Sim – para quem ainda não sabe – ele era indiano. Bem cedo, ainda criança, é levado de volta para a Inglaterra e fica lá até completar dezoito anos, quando retorna à colônia para servir à polícia de “sua majestade”, mais precisamente na Birmânia, corre o ano de 1922. Nesse período aguçou o sentimento de inconformismo contra a política imperialista britânica, sobre a qual escreveu depois de desertar em 1927: “Servi na polícia das Índias durante cinco anos, ao longo dos quais passei a odiar o imperialismo, que eu próprio servia, com uma força que ainda hoje eu não sei explicar”.
O romance “Dias na Birmânia” e vários ensaios, como “Dentro da Baleia”, “O enforcamento” e “O abate de um elefante” são frutos desse período, desse ódio “inexplicado”. Nessa mesma época, Orwell põe a santidade de Gandhi em xeque: “Santos devem ser culpados até que se prove sua inocência”. O autor de “1984″ acreditava que Gandhi era mais vaidoso que ele; engraçado, toda vez que vou almoçar no Nutrisom, o restaurante natureba que se localiza defronte o pernil do Estadão, eu penso nisso – genial.
George Orwell tinha o dom de pairar acima das calamidades que escolheu para si e acima das calamidades que a vida lhe reservou, bordejava não como um anjo, mas como um pensador que sabia agrupar os fatos e as consequências advindas desses fatos em escaninhos diferentes; julgava e acertava não como um árbitro ou um “crédulo intuitivo”, mas como homem de discernimento, e o mais notável, fazia isso sem precisar apelar para a imparcialidade, muito pelo contrário: a Orwell bastava ser livre, não se omitir e ser honesto consigo mesmo. Você, que acredita no Pedro Bial, não tente fazer isso em casa.
No texto que abre o livro “Dentro da baleia e outros ensaios”, cujo título é “Por que escrevo”, ele diz: ” escrevo porque existe alguma mentira para ser denunciada, algum fato para o qual quero chamar a atenção, e penso sempre que vou encontrar quem me ouça.”

Eu ouvi. Simples assim. Ouçam.

Um ex-Militar Como Única Voz Da Polícia Civil.


Fonte: site da ALESP

Polícia civil

Olimpio Gomes (PDT) pediu apoio aos parlamentares para que seja cumprida a Lei 1.151/2011, que trata de salários e carreiras dos operacionais dos policiais civis. O deputado informou que o artigo 26 do projeto diz que fica instituído um grupo de representantes dos poderes Executivo e Legislativo para avaliar as possibilidades de valorização das carreiras de investigador e escrivão de polícia, no prazo de 180 dias. “Em abril, esse prazo expira”, comentou. “Até agora não foi indicado nenhum parlamentar desta Casa para compor esse grupo”, finalizou. (IR)

O Declínio Dos EUA Em Perspectiva. Última Parte


*Avram Noam Chomsky (Filadélfia, 7 de dezembro de 1928) é um linguista, filósofo e ativista político estadunidense. É professor de Linguística no Instituto de Tecnologia de Massachusetts. Além da sua investigação e ensino no âmbito da linguística, Chomsky é também conhecido pelas suas posições políticas de esquerda e pela sua crítica da política externa dos Estados Unidos. Chomsky descreve-se como um socialista libertário, havendo quem o associe ao anarcossindicalismo.

Com a publicação desse “post” concluo a última parte do artigo de Noam Chomsky onde ele retrata em perspectiva o declínio do império americano.

“Perdendo” a China e o Vietnan

Deixando de lado estas coisas desagradáveis, um olhar de perto sobre o declínio americano mostra que a China joga na verdade um grande papel nele, tanto como o que jogava há 60 anos. O declínio que agora gera tanta preocupação não é um fenómeno recente. Ele remonta ao fim da Segunda Guerra Mundial, quando os EUA tinham metade da riqueza do mundo e dispunham de níveis globais de segurança incomparáveis. Os estrategas políticos estavam naturalmente bastante conscientes dessa enorme disparidade de poder e pretendiam mantê-la assim.

O ponto de vista básico foi apresentado com admirável franqueza num grande documento de 1948. O autor era um dos arquitectos da Nova Ordem Mundial da época, o representante da equipe de Planeamento Político do Departamento de Estado dos EUA, o respeitado estadista e acadêmico George Kennan, um pacifista moderado entre os estrategas. Ele observou que o objetivo político central era manter a “posição de disparidade” que separava a nossa enorme riqueza da pobreza dos outros. Para alcançar esse objetivo, advertiu, “nós deveríamos parar de falar em objetivos vagos e… irreais, como os direitos humanos, a elevação do padrão de vida e a democratização”, e devemos “lidar com conceitos estritos de poder”, não “limitados por slogans idealistas” a respeito de “altruísmo e do benefício do mundo”.

Kennan estava a referir-se especificamente à Ásia, mas as suas observações generalizam-se, com exceções, aos participantes no atual sistema de dominação global dos EUA. Ficou bastante claro que os “slogans idealistas” deveriam ser apresentados sobretudo quando dirigidos aos outros, inclusive às classes intelectualizadas, das quais era esperada a sua disseminação.

O plano de Kennan ajudou a formular e a implementar a tomada de controlo pelos EUA do Hemisfério Oeste, do Extremo Leste e das regiões do ex-império britânico (incluindo os incomparáveis recursos energéticos do Oriente Médio), e aquilo que foi possível da Eurásia, sobretudo os seus centros comerciais e industriais. Esses não eram objetivos irreais, dada a distribuição do poder. Mas o declínio foi então determinado de vez.

Em 1949, a China declarou a independência, um acontecimento conhecido no discurso do Ocidente como “a perda da China” – nos EUA, com algumas recriminações amarguradas e o conflito interpretativo a respeito de quem tinha sido o responsável por essa perda. A terminologia é reveladora. Só é possível perder o que em algum momento se teve. A assunção tácita era que os EUA tinham a China, por direito, juntamente com a maior parte do resto do mundo, tal como os estrategas do pós-guerra pensavam.

A “perda da China” foi o primeiro grande passo do “declínio americano”. Foi o que teve maiores consequências políticas. Uma delas foi a decisão imediata de apoiar o esforço francês de reconquista da sua ex-colônia da Indochina, para que esta também não fosse “perdida”.

A Indochina em si não era motivo de preocupação maior, a despeito das afirmações acerca das suas riquezas naturais por parte do presidente Eisenhower e outros. A preocupação maior era antes com a “teoria do efeito dominó”, a qual é frequentemente ridicularizada quando os dominós não caem, mas permanece um princípio regulador da política, porque é bastante racional. Para adoptar a versão que Henri Kissinger dele faz, uma localidade que cai fora do controle pode tornar-se um “vírus” que irá “contagiar”, induzindo outros a seguirem o mesmo caminho.

No caso do Vietnã, a preocupação era que esse vírus do desenvolvimento independente pudesse infectar a Indonésia, que de fato é rica em recursos. E isso poderia levar o Japão – o “superdominó”, como o proeminente historiador da Ásia John Dower chamava – a “acomodar” uma Ásia independente como seu centro tecnológico e industrial num sistema que escaparia do alcance do poder dos EUA. Isso significaria, com efeito, que os EUA tinham perdido a fase Pacífico da Segunda Guerra, na qual lutaram para tentar impedir que o Japão estabelecesse uma Nova Ordem na Ásia.

O modo de lidar com um problema desses é claro: destruir o vírus e “inocular” aqueles que podem ser infectados. No caso do Vietnã, a escolha racional era destruir qualquer esperança de desenvolvimento independente bem-sucedido e impor ditaduras brutais nos arredores. Essas tarefas foram levadas a cabo com sucesso – embora a história tenha a sua própria astúcia, e algo similar ao que foi temido desde então se tenha desenvolvido no Leste da Ásia, na maior parte dos casos para consternação de Washington.

A vitória mais importante das guerras da Indochina deu-se em 1965, quando um golpe de estado militar com o apoio dos EUA, liderado pelo general Suharto, significou crimes massivos comparados pela CIA aos de Hitler, Stalin e Mao. A “assombrosa matança massiva”, como a descreveu o New York Times, foi cuidadosamente reportada nos meios dominantes, e com desenfreada euforia.